Os jogadores do Palmeiras já não
aguentavam mais. Abriam os jornais e liam a palavra crise. Ligavam a
televisão e ouviam a palavra rebaixamento. Navegavam pelos sites e viam
notícias de que essa é a pior campanha da história do clube nos pontos
corridos do Campeonato Brasileiro.
Saía na rua e ficava com vergonha de ser jogador do time que tem a
quarta maior torcida do país e corre o risco de cair pela segunda vez na
história. Como esquecer tudo isso? Um novo comandante e um retiro longe
da normalidade. As escolhas foram Gilson Kleina e um refúgio em Itu.
Desde a última terça-feira, a delegação do time se
concentra em um Spa Resort que fica a 10 quilômetros do centro do Itu,
cidade 90 quilômetros distante da saída de São Paulo, e com uma
população cem vezes menor do que a capital do Estado. Além de toda a
calmaria da região, os palmeirenses podem desfrutar de atrações como
spa, cinema, ofurô, sauna, pesca, banho romano, pista de cooper e salão
de jogos com ping-pong, snooker e outras atrações eletrônicas.
Tudo isso para tentar dar confiança aos atletas do time
que luta para sair do Z-4 do Brasileirão. A missão quase impossível,
considerada o apontamento dos matemáticos de que a chance de queda é de
92%, começa neste sábado, diante do Figueirense e com um ambiente
completamente novo.
“É bom vir para o interior, respirar um ar
melhor e se afastar um pouco do centro. A gente precisa do máximo de
concentração para sair dessa situação em que estamos e evitar que mais
gente inocente como os que já se foram sejam vítimas mais uma vez. A
culpa é dos jogadores e não do preparador físico e de goleiros”,
desabafou o capitão do time, Marcos Assunção.
Além de Luiz Felipe Scolari e seu auxiliar, Flávio
Murtosa, que saíram na quinta-feira, o supervisor, Marcos Galeano,
deixou o time na sexta-feira, e o preparador de goleiros, Carlos
Pracidelli, e o preparador físico, Anselmo Sbragia também pediram para
sair. Tudo para dar lugar a Gilson Kleina e sua comissão.
Mesmo com dois auxiliares, um preparador de goleiros e
um físico, Kleina chega com um staff que, juntos, não custam nem mesmo
os R$ 700 mil que o clube bancava só com o salário do pentacampeão que
pediu para sair.
Além de muito mais barato, Kleina virou aposta da
diretoria por ser cerca de 20 anos mais novo que Felipão, o que lhe dá
melhores formas de se relacionar com os atletas, atualmente, com muito
mais exigências do que os de antigamente, na época em que o gaúcho se
consagrou como ídolo alviverde.
Soma-se, também, a melhor facilidade de Kleina na comunicação com a imprensa
e também com outros funcionários do clube. Scolari, se tinha um
desafeto que o incomodava ou tirava algum de seus escudeiros do sério,
fazia o máximo para afastá-lo do grupo. O ex-ponte-pretano é conhecido
por ter um perfil um pouco mais político, com mais facilidade em lidar
com os enormes problemas políticos no Palestra Itália, mas que não foge
na hora de dar uma bronca.
“Eu conheço bons trabalhos de Gilson Kleina e não vou falar
como ele precisa agir para dar certo aqui. Ele precisa ser ele, ser o
que o trouxe até aqui. Eu sou o capitão, mas nunca vou dar pitacos na
escalação. O certo é que pode ser Kleina, Falcão ou Leão. Se os
jogadores não perceberem que precisamos evoluir, ninguém vai resolver
nosso problema”, finalizou Assunção.
O time fica concentrado até a sexta-feira, quando
fará um treino sem a presença de ninguém da imprensa. Logo depois, vai
até o aeroporto, onde embarca para Florianópolis, muito provavelmente,
de ânimo renovado para encarar o Figueirense.
Nenhum comentário:
Postar um comentário